terça-feira, 16 de novembro de 2010

Cala a boca Prates

E o assunto do dia no Twitter, com direito a trending topic, é o triste comentário de Luiz Carlos Prases na RBS Santa Catarina. Deveria ser demitido sumariamente. Coloca a culpa dos acidentes de trânsito nos pobres e mal instruídos, como se não houvesse ricos ignorantes e imprudentes. Gente assim me dá nojo e medo do ser humano.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Blogosfera, redes sociais e esfera pública

Na próxima terça, dia 31/08, irei participar, como convidada, do encontro do PET (Programa de Educação Tutorial) da Comunicação, para debater o assunto Eleições 2010 no contexto da esfera pública conectada - das redes sociais da internet e dos blogs. O evento começa às 13h, na sala 5005 do prédio 21. A quem interessar, o texto que selecionei para a discussão é "Esfera pública interconectada, blogosfera e redes sociais", do Sérgio Amadeu (professor da Universidade do ABC, em São Paulo). O artigo faz parte do livro Esfera Pública, redes e jornalismo, da Facasper. Aí está o cartaz do evento.

sábado, 21 de agosto de 2010

O poder dos blogueiros

Há poucos dias descobri um blog muito bacana, chamado De Chanel na Laje. Um dos posts traz um desabafo de uma leitora que me sensibilizou muito. Ela fala de sua compulsão por comprar, que a deixou super endividada, atribuindo parte da culpa aos blogs de moda. Taí algo interessante - um blog pode ser tão ou mais influente que uma telenovela na vida de alguém, e o mercado está atento a isso. Creio que isso é uma questão e tanto para se pensar. O problema é que tem muita gente ingênua que esquece que, mesmo em um espaço aparentemente tão inocente quanto um blog, existem por trás pessoas em busca de vários valores, como reputação, prestígio, status ou simplesmente lucro. Em muitos casos, há organizações com grandes interesses comerciais por trás de um post.
Tendemos a ver na internet - na blogosfera e redes sociais, principalmente, o supra-sumo da diversidade de opinião, com a possibilidade de as pessoas se tornarem mais críticas com acesso a tantas informações. Tudo parece tão diferente do que era quando tínhamos apenas as mensagens da mídia de massa. Durante anos se criticou a tv por ditar aquilo que as pessoas devem fazer, comprar e pensar. Achamos que na internet não seria assim. No entanto, o mundo não mudou tanto assim. Ele se sofisticou. Na verdade, o capitalismo que movimenta nossa sociedade está cada vez mais complexo, e sem perceber estamos todos, mesmo quando nos colocamos contra esse poderoso sistema, mergulhados em suas entranhas. Temos liberdade de nos expressar, mas pagamos um preço. Em alguns casos, damos em troca nosso estilo de vida. 
Sei que ninguém é um tabula rasa sujeita a influência implacável dos poderosos meios de comunicação. Fosse assim, e ainda estaríamos estudando a Comunicação do  ponto de vista da teoria da Agulha Hipodérmica. No entanto, não dá para ignorar o poder que palavras e imagens bem colocadas exercem sobre nós. A comunicação mais dialógica das novas mídias, podemos ver aos poucos, pode ser muito mais poderosa que a tradicional emissão de mão única da mídia massiva. Confesso que alguns blogs de moda, que conheci há pouco, são muito sedutores. Dá vontade de se vestir como as blogueiras, comprar aqueles produtos "bafo" com preços "honestos" que elas despretensiosamente indicam... Parece que aquele é o lifestyle ideal e o único possível. É justamente aí que reside o poder dos blogs, que as marcas estão percebendo e sabendo utilizar tão bem. Blogueiro agora é tratado como celebridade, e isso não só no mundo da moda, mas do jornalismo, da política etc. Não é à toa. Esses novos "formadores de opinião" da era digital estão em alta. São gente como a gente, falam nossa língua, diferente do discurso publicitário tradicional, descaradamente persuasivo. A onda agora é ser levado a consumir sem que percebamos que estamos sendo convencidos a isso. É como se um amigo estivesse nos influenciando. Dá menos culpa. É mais cool
Não estou querendo desmerecer o uso comercial dos blogs, o que pode ser muito legítimo. Mas chamar atenção de quem ignora a intenção por trás de alguns posts. Nem sempre o blogueiro é sincero ou independente. Às vezes, é apenas o ventríloquo de seu patrocinador. Se você for se endividar porque não resiste à recomendação da sua blogueira favorita, ao menos pense um pouco antes de seguir suas dicas de compra. E tenha consciência do objetivo do blog. Um dos textos do De Chanel na Laje aborda justamente essa questão. Vale a pena refletir.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Mais uma vez, Santa Maria cantou Elis

Foto: Juliano Mendes / OPSs! Comunicação e Eventos 
Valeu muito a pena ter ido à segunda edição do Santa Maria Canta Elis, ontem, no Theatro Treze de Maio. A primeira edição, em junho, foi tão legal, que eu e o Jonas resolvemos repetir. Obviamente, foi outro espetáculo, com mudanças no cenário e no repertório, no figurino das cantoras e, claro, o público também não era o mesmo. Gisele, Tiane e Deborah mais uma vez arrasaram, cada uma a seu estilo, e novamente conseguiram emocionar em alguns momentos e animar em outros. Vi críticas ao tom informal da apresentação, da condução do espetáculo. Concordo, em parte, que talvez a produção pudesse ser mais caprichada em pequenos detalhes, mas vejo o tom informal como um ponto positivo. Melhor a informalidade do que uma atitude muito montada que poderia não dar certo. A iniciativa lotou o teatro por duas vezes e tenho certeza que teve gente que ainda ficou de fora porque não havia mais ingresso. O modelo tributo com a valorização de talentos locais mostrou que agrada. Como disse o diretor Janu Uberti, ao final da apresentação de ontem, quem sabe outras homenagens à música popular brasileira não estejam por vir em Santa Maria... Aqui, o trio canta "Como Nossos Pais", no show de junho.
Mais informações sobre o evento, aqui.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O pequeno príncipe

Imagem: http://migre.me/13ssd
Depois de ter passado o final de semana em São Gabriel, assisti na noite de domingo, com minha filha e meu namorado, já em Santa Maria, o filme O Pequeno Príncipe, baseado no livro de mesmo nome de Exupéry. Gabriela queria assistir um filme e, já na locadora, sugeri esse. Ela ainda não leu o livro, que também nunca li. Talvez porque virou clichê achá-lo bobinho depois da popularidade que as candidatas a miss lhe conferiram. No entanto, continua sendo uma bela história, com frases hoje batidas, mas de incontestável verdade, como a “és eternamente responsável por aquilo que cativas”, dita pelo personagem da Raposa (vale a pena rever o trecho).
O menino que queria ser desenhista, e que se torna um adulto aparentemente sem criatividade, volta em forma de um pequeno príncipe que o atormenta com pedidos esdrúxulos de desenhos e o cativa pouco a pouco contando suas aventuras em busca da sabedoria. O filme é lindo plasticamente, apesar de eu não gostar da parte musical. Em um final de domingo de dia dos pais, me fez lembrar que talvez fôssemos muito mais espertos se deixássemos mais livres dentro de nós a criança que um dia já fomos. Era tão bom sonhar sem limites, sem autocensura. Me fez lembrar da linda “Bola de meia, bola de gude”, do Milton Nascimento. "Há um menino, há um moleque, morando sempre no meu coração. Toda vez que o adulto balança ele vem pra me dar a mão..." (belo vídeo aqui).

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Feliz dia de todos os pais

Foto: http://migre.me/12QMU

Domingo é dia dos pais... A data me deixa feliz e melancólica. Feliz porque tive a graça de ter tido um pai maravilhoso, que infelizmente se foi há quase 10 anos. Feliz porque minha filha tem um pai presente, que ela ama e que sei que a ama muito. Mas também fico melancólica porque não terei o meu pai por perto para lhe dar um abraço, dizer o quanto o amo e ver seus olhos azuis marejados de emoção. Sei que é mais uma data comercial voltada para a aquecer o comércio e tudo  o mais. Mas, de qualquer modo, essas datas têm um simbolismo forte que nos comove, e são importantes por reforçar a importância dessas figuras em nossas vidas. Apesar das metamorfoses pelas quais passam as relações humanas, com as famílias sendo reconfiguradas e os papéis tradicionais sendo revistos, os laços familiares (sejam eles de sangue ou não) são cada vez mais importantes. Os casais se separam, ingressam em novos relacionamentos, e a vida continua, com "tudo novo de novo", como diz a música de Paulinho Moska que deu nome a uma minissérie recentemente exibida na tv aberta. O grande desafio hoje é manter a harmonia, superar orgulhos, mágoas e preconceitos para que os filhos possam conviver em paz com pai, mãe, avós, padrastos e madrastas, tios, amigos, enfim, todas aquelas pessoas que são importantes em suas vidas, cada uma ao seu modo. Sejam os pais hetero ou homossexuais, biológicos ou afetivos, casados ou separados, que morem junto ou não de seus filhos... O que vale de verdade é o amor que são capazes de dar, a presença, o apoio, os limites que toda educação exige e que o papel de pai requer. A quem é pai de qualquer cor, gênero ou padrão econômico, pãe, padrasto, pai-avô, um feliz dia dos pais! 

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Mais gente do que se pensa é demitida por falar mal do "patrão"

E a polêmica do post anterior continua... Estima-se que uma pessoa é demitida a cada semana por criticar ou ofender direta ou indiretamente a empresa na qual trabalha, ou mesmo por dirigir comentários pouco abonadores a chefes e colegas. Dá para acreditar? As informações são do R7. E, o assunto tem dado o que falar no Twitter.

Empresas demitem quando são ofendidas nas redes sociais: quem é o demônio aí?

Uma notícia que gerou polêmica hoje e reverberou nas redes sociais da web diz respeito à demissão do jornalista Felipe Milanez, da revista National Geographic Brasil, pertencente ao Grupo Abril. A demissão ocorreu ontem, após críticas à conduta da revista Veja, pertencente ao mesmo grupo, postadas pelo jornalista em seu Twitter. No meio jornalístico, há opiniões contrárias e favoráveis à demissão. Advogados especialistas em direito digital defendem o direito das empresas demitirem um funcionário que se manifestar contra sua imagem. Eu confesso que lamento a demissão do colega, mas considero ingênuo o pensamento de que o grupo agiu de modo equivocado. Seria lindo praticar a liberdade de pensamento e expressão nas redes sociais mesmo quando se é atrelado a um grupo econômico que tem seus interesses sem ter de arcar com represálias depois. Mas esta não é a realidade. O preço de aceitar um emprego como o que tinha Felipe é acatar a lei da selva. Quer liberdade total? Vai trabalhar como autônomo, o que pode ser tão ou mais lucrativo, mas aí depende a que interesses o jornalista irá servir. Na verdade, liberdade total é algo difícil de conquistar, depende de nossos lugares de fala e dos constrangimentos que eles nos impõem, depende de nossos interlocutores, depende do meio que utilizamos para nos manifestar. Tudo bem que posso alegar que minha conta no Twitter diz respeito a mim enquanto pessoa física, independentemente da posição ou do papel que ocupo social ou institucionalmente. Mas, há mesmo como separarmos as coisas? Basta lembrar o episódio recente envolvendo um executivo de uma empresa da área de tecnologia. Ainda acho que a melhor saída para que coisas assim não se repitam é o bom senso, diálogo. Há que existir um acordo prévio entre funcionários e empresas no sentido de unificar o discurso, estabelecer as regras de comportamento nas redes sociais online e offline. Quem se achar tolhido, que peça demissão, maneire na verborragia ou, então, diga adeuas à Twitter e coisas do gênero.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Jornalismo: mercado e academia querem acertar

Foi interessante a iniciativa de Zero Hora de realizar uma cobertura colaborativa, via Twitter, das palestras realizadas em 18 cursos de jornalismo no Rio Grande do Sul nesta terça-feira. Tive a oportunidade de auxiliar o pessoal da Graduação na UFSM e, mesmo com as carências típicas de uma universidade federal do interior, deu tudo certo. O auditório não é dos mais confortáveis, não tínhamos rede wireless disponível, mas com esforço e dedicação a equipe não fez feio diante dos tweets postados pelo pessoal de instituições de ensino mais abastadas. Foi legal ver a animação dos estudantes em tempos de tanta incerteza quanto ao futuro do jornalismo e da profissão.
Atuei nesta atividade que tinha como foco alunos da Graduação devido ao meu interesse de pesquisa. Agradeço a compreensão e disponibilidade da editora de mídias sociais Barbara Nickel, que coordenou a cobertura desde a redação de ZH em POA. Minha participação foi como jornalista e como investigadora. Vesti a camisa da equipe "foca" para twittar minhas impressões sobre a fala do editor-chefe de online Pedro Lopes, mas não deixei de tomar nota do que indaga meu problema de pesquisa.
Acompanhei, nos momentos em que pude estar conectada, a cobertura realizada pelos estudantes das outras universidades envolvidas, e também a repercussão no Twitter. Destaco a simbiose entre academia e mercado que pude perceber não apenas na presença de jornalistas no meio dos estudantes e professores, mas principalmente no desejo de acertar que vem de todos os lados. Um exemplo: a professora Raquel Recuero comentou em seu Twitter, com as hashtags "#zh #fail" a falta de possibilidade de os leitores comentarem no Cover (ferramenta que transmitiu os mais de 1,5 mil tweets dos alunos minuto a minuto) instalado no Blog do Editor. Em poucos minutos, a editora de mídias sociais de ZH anunciava em seu perfil pessoal que a opção comentário fora disponibilizada.
Foi-se o tempo em que mercado e academia andavam em direções opostas. Um só tem a aprender com o outro.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

UFSM participa de série de palestras de Zero Hora

A UFSM será uma das 18 universidades do Rio Grande do Sul que irão participar, nesta terça-feira (04/05), de um evento programado pelo jornal Zero Hora em comemoração aos seus 46 anos. O diferencial é que os alunos atuarão cobrindo palestras de jornalistas do veículo, viaTwitter, e entrarão na cobertura em tempo real da atividade. Será criado um "minuto a minuto", via CoveritLive, para transmissão das mensagens enviadas pelos alunos através do serviço de micropostagens. Os posts poderão ser conferidos no Blog do Editor, no site do jornal. Em Santa Maria, a palestra será do jornalista Pedro Lopes, editor de Online do Grupo RBS.
A palestra está marcada para as 9h30, na Batcarverna. O jornalista, de 33 anos, atua há 11 em Zero Hora com passagem pelas editorias de Interior, Economia e Geral, exercendo as funções de repórter, coordenador de produção e editor. Em março de 2007, foi convidado para ajudar a montar a operação online de ZH. Há um um ano e meio assumiu o cargo de Editor-chefe de notícias online do Grupo RBS, que inclui os sites zerohora.com, clicEsportes e o portal clicRBS no Rio Grande do Sul. Graduou-se em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, tem pós-graduação em Economia Empresarial também pela UFRGS e duas especializações no Master em Jornalismo - Centro de Extensão Universitária/Universidade de Navarra.
O evento será uma excelente oportunidade para que estudantes e professores, da Graduação e do Mestrado, possam ver de perto como funciona uma produção via redes sociais de forma colaborativa.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Novo visual

Voltando ao layout anterior...

Estratégias de legitimação do jornalismo nas redes sociais: meu foco de pesquisa

O crescimento das redes sociais da web é tema de debates, posts, reportagens nos meios online e offline, no mercado e nas universidades. O fenômeno não é assim tão recente, mas em 2009 vive seu apogeu, com um número cada vez maior "de pessoas comuns" e celebridades, pesquisadores e comunicadores, empresas e profissionais de diferentes áreas em busca de visibilidade e proximidade com seus públicos, e outros tantos objetivos.
Falar em redes sociais é falar em conversação, marketing, relacionamento, comunicação, informação e jornalismo. Sites como o Twitter têm sido utilizados para amigos trocar ideias e opiniões, telespectadores e leitores comentarem conteúdo da mídia, fãs interagirem com seus ídolos, aspirantes à fama chamarem atenção, empresas venderem seus produtos .
Com tanta gente interagindo, o espaço destas redes torna-se praticamente obrigatório para as instituições de um modo geral, que precisam se legitimar constantemente perante a sociedade. Em tempos de midiatização, em que as lógicas da mídia são apropriadas pelos demais campos sociais, visibilidade e legitimação dependem não só da presença das instituições no espaço público midiático, mas de uma presença que leve em conta a complexidade da comunicação na atualidade. Para se legitimar, as instituições precisam interagir com os públicos, levar em conta o outro da relação comunicativa. As redes sociais são um ótimo lugar para isso. É o caso do jornalismo, campo institucional que me interessa como objeto de pesquisa, entendido como a esfera formada pelas organizações midiáticas voltadas para a transmissão de notícias.
O jornalismo, com seu papel histórico de campo mediador, diante das atuais práticas interativas, passa a adotar novas estratégias para continuar justificando sua existência na sociedade. Se todos podem informar, atuar como repórteres, como justificar a manutenção de seu papel de mediação? Partir para uma intermediação de qualidade, como propõe Dominique Wolton, levando em conta o papel ativo dos cidadãos no processo de construção da notícia, tem sido uma prática cada vez mais constante. Estes questionamentos estão no cerne de minha proposta de dissertação, em andamento no Mestrado do Poscom-UFSM. Pretendo continuar trazendo discussões para o blog até mesmo para encontrar possíveis aliados nesta perspectiva institucional do jornalismo nas redes sociais.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Desafios e correria

Muito tempo sem atualizar o blog, cá estamos...
Momento de muita correria, com o Mestrado entrando na reta final. Tempo de focar no objeto, analisar, escrever, aprender a receber críticas durante os Seminários de Pesquisa, enfim, período de desafios.
No momento, está sendo importante o aprendizado sobre metodologia, algo que parecia tão distante para quem, como eu, não tem experiência como pesquisadora, e ficou tantos anos no mercado de trabalho, longe do meio acadêmico.
E vamos juntar esforços para justificar a escolha pela análise de conteúdo!

segunda-feira, 1 de março de 2010

Novidades do Mestrado em Comunicação da UFSM

Para recuperar o tempo de ostracismo no blog, segue o link das últimas do Mestrado em Comunicação da UFSM, com notícias sobre aula inaugural amanhã e horários das defesas de dissertações: www.ufsm.br/poscom.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Vamos democratizar a cobertura da tragédia?

2010 começou com tragédia para muitas famílias Brasil afora. O clima tem castigado áreas ricas e pobres, matando gente de todas as classes. No entanto, a cobertura jornalística que assisto na principal emissora do país - e creio que nas demais não é muito diferente - mostra uma discriminação gritante no tratamento dado a uns e outros. Dependendo da procedência de quem morre, tu podes ter na tv homenagens póstumas com direito a entrevista com seus parentes e exibição de vídeos e fotos de seus momentos alegres, ou simplesmente ser mais um número nas estatísticas do obituário. Confesso que fico muito emocionada e triste com o sofrimento que os sobreviventes e parentes da tragédia em Angra dos Reis estão passando. Chego a chorar ao ver os depoimentos nos telejornais, e não estou de forma alguma sendo irônica. Mas, também me dói demais por dentro quando logo depois entra em cena mais uma reportagem em que os mortos não têm nome ou uma história a ser contada. São apenas ninguém. Por que algumas vidas que se perdem de forma tão triste são mais lastimadas que outras? Por que temos que nos identificar com pessoas de classe média que perdem a vida em uma pousada enquanto estavam festejando, e somos convidados a ignorar quem morreu porque o barraco montado em um terreno impróprio desabou sobre sua cabeça? Sinceramente, gosto de ouvir relatos sobre aquelas jovens e alegres vidas de Angra que se foram sob os escombros que a lama levou. Gosto porque acho que eles realmente merecem ser lembrados. Mas não me conformo por não saber quem eram aquelas marias e josés que morreram soterrados do mesmo modo, mas que não devem ter tido uma ceia de ano-novo tão farta quanto a dos vizinhos da bela pousada agora em ruínas. Também gostaria que o jornalismo ultrapassasse sua condição de narrativa e assumisse um tom mais pedagógico, para que coisas assim possam ser evitadas, seja em solo rico ou pobre.