sábado, 8 de dezembro de 2007

Gente de verdade

Tem coisa melhor que conhecer gente de verdade? Tenho tido a sorte este ano de conviver com pessoas verdadeiramente "de carne e osso", que pensam, criticam, agem, vibram, choram, riem, sofrem e festejam. Meus amigos têm diferentes visões sobre o mundo, mas têm em comum o fato de que não estão apenas sobrevivendo. Espero fortalecer estes vínculos em 2008 e ampliar esta roda viva.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Recomendo...

Procurem no Google o texto "O Império do consumo", de Eduardo Galeano.
Aqui, um trechinho:

"(...)A maioria, que contrai dívidas para ter coisas, termina tendo apenas dívidas para pagar suas dívidas que geram novas dívidas, e acaba consumindo fantasias que, às vezes, materializa cometendo delitos. O direito ao desperdício, privilégio de poucos, afirma ser a liberdade de todos. Dize-me quanto consomes e te direi quanto vales. (...)"

Não li ainda, mas estou recomendando: "Hitler Ganhou a Guerra?", de Walter Graziano.

Quem pensa que muitos dos enormes problemas do mundo começariam a ser solucionados a partir da troca de presidente nos Estados Unidos está gravemente equivocado. O atual presidente não é outra coisa senão "a ponta de um iceberg" de uma complicada estrutura de poder urdida cuidadosamente durante muito tempo por uma reduzida elite de clãs familiares, muito ricos, que estão por trás da exploração do petróleo, dos bancos, da indústria farmacêutica, da indústria bélica, das universidades e dos meios de comunicação mais importantes do mundo, entre outros setores. Trata-se, nada menos, daqueles que antes e durante a Segunda Guerra Mundial financiaram Hitler para que tomasse o poder e se armasse, provendo o Terceiro Reich com materiais básicos, fomentaram o ideário racista do Führer e enriqueceram a máquina nazista na Alemanha. Neste livro instigante, o leitor poderá inteirar-se de como esta poderosa elite, em cujo núcleo se escondem antigas sociedades secretas, controla há muitos anos os presidentes dos Estados Unidos como marionetes e corrompe até os alicerces dos partidos Republicano e Democrático. Também verá como manipula as democracias no mundo, utiliza as principais universidades norte-americanas e seus intelectuais, proporcionando a ilusão de progresso científico, mediante um ideologismo falso, e manipula os meios de comunicação para que as massas e as classes médias não se dêem conta do que realmente ocorre. Sob esta nova luz, inclusive os atentados de 11 de setembro de 2001 adquirem uma leitura diferente. Provocante, revelador e solidamente fundamentado, Hitler Ganhou a Guerra levará seus leitores a descobrirem as conexões entre fatos do passado e do presente até então impensadas.

Dá pra baixar o livro completo em http://www.sunnet.com.br/

Por que não gostar do clima natalino?

Não gosto desta época de festas de Natal e Ano-Novo. E fico irritada quando me dizem que sou insensível ou quando alguém me olha com piedade depois que confesso minha ojeriza. Não tenho motivos particulares pra não gostar de papai-noel e daquelas musiquinhas insuportáveis... Não é trauma de infância. Simplesmente não gosto do discurso que envolve todo este simbolismo. Não me agrada a idéia de felicidade programada, determinada pelo calendário. E a solidariedade pré-à-porter, então? Pra nos livrarmos do “lixo” e da culpa que resta de nosso consumismo desenfreado, vamos todos contentes tratar de colaborar com as campanhas de doações de brinquedos, roupas e alimentos. Muito nobre, mas inócuo.
Tudo bem, não fujo à regra, e isto aqui é, também, um mea culpa. Serei vista no supermercado dia 24 comprando o peru de última hora, ou na loja de “um real” adquirindo algum presente pro amigo secreto que terei esquecido... Também tenho uma lista de boas intenções para 2008, o que me inclui de vez no grupo que estou criticando. Mas quero mudar, e pra começar, estou pensando em homenagear o aniversariante do dia 25 (alguém lembra?). Ao invés de entrar pra alguma ONG filantrópica, quero me juntar a alguma ação que tenha como foco a emancipação das pessoas. Chega de fazer festas de natal para famílias carentes. Isto é como carnaval, futebol, e novela das oito - só acomoda e deixa tudo como está. Melhor seguir os ensinamentos do Homem que um dia foi o bebê da manjedoura – deixar de dar o peixe, e começar a ensinar a pescar.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Melhores filmes

Seleção do meu amigo Marcelo Borges:

Último tango em Paris
Adeus Lênin
Laranja mecânica
Os sonhadores
O fabuloso destino de Amélie Poulain
Edukators
Ata-me
Tudo sobre minha mãe
O closet
Corra Lola corra
Machuca
Efeito borboleta
Beleza roubada
Por amor ou por dinheiro?
A grande sedução
Eterno amor
Carne trêmula
A vida é bela
Herói por acaso
De tanto bater meu coração parou
O tempero da vida
Brilho eterno de uma mente sem lembranças
Pulp fiction
Kill Bill
Albergue espanhol
Bonecas Russas
Amores brutos
Diários de motocicleta
Clube da lua
A vida no paraíso.
Invasões bárbaras
O cachorro
Buenos Aires 100 km
E sua mãe também
Aprendendo a mentir
Não é você, sou eu
O carteiro e o poeta

domingo, 2 de dezembro de 2007

Velhas amigas

Hoje, a Patrícia, uma amiga que fiz na época em que era estudante em Santa Maria, veio em casa me visitar. E trouxe a filha, Alice, dois anos mais nova que a Gabi - a minha. Ficamos amigas ao dividirmos apartamento quando eu era acadêmica de Jornalismo na UFSM, e ela fazia cursinho pré-vestibular. Mas, mais do que a divisão do aluguel e das tarefas domésticas, partilhávamos confidências, conflitos existenciais de quando tínhamos algo entre 18 e 21 anos (ela é dois anos mais nova que eu). Em comum sempre tivemos a vontade de realizar algo gratificante, o sonho de "dar certo na vida", o gosto pelas divagações acerca de tudo em conversas que varavam a madrugada (quando dávamos uma folga nos estudos...). Creio que tenhamos convivido sob o mesmo teto durante uns dois anos, sempre em harmonia. Em dado momento nossas escolhas nos levaram a caminhos distintos, e desde então nossos reencontros são sempre esporádicos, passamos mais de ano sem nos vermos e sem trocarmos qualquer telefonema ou email. Cometemos erros lamentáveis, como ela não ter ido na minha festa de 30 anos (coisinha), e eu não ter ido visitá-la quando a Alice nasceu (imperdoável), mas tem um erro que jamais cometemos. Nunca, mesmo que tenhamos sido ausentes ou relapsas durante mais de dois anos, temos a sensação, ao nos reencontrar, de que a cumplicidade não é a mesma dos áureos tempos. Assim foi na tarde deste domingo. Nos encontramos por acaso outro dia, ela ficou de ligar, e ligou hoje a tarde antes de vir. Chegou com a Alice, eu e Gabi as recebemos. Foram duas horas e meia sem pararmos de falar, e ficou muito assunto de fora por falta de tempo. A gente falou mais das mudanças que ocorreram em nossas vidas de adultas nos últimos anos do que dos tempos de Santa Maria. E quanta coisa aconteceu, quanta mudança em nossas vidas - principalmente transformações internas. Tivemos perdas, sofremos frustrações, mas no saldo da balança ganhamos muitas coisas boas. Percebemos, e isso nos fez encher os olhos d' agua, o quanto estamos mais maduras, mais serenas, bem resolvidas e felizes. Não prenchemos os requisitos do manual da vida perfeita, pois nossos caminhos são pra lá de imperfeitos. Ela queria ser médica; "virou" empresária. Eu queria terminar o doutorado aos 30 anos, e ser professora universitária e pesquisadora; "virei" jornalista. Não estamos acomodadas e nem conformistas, mas aprendemos a valorizar o que realmente importa, sem deixarmos de refletir todos os dias sobre nossas escolhas verdadeiras. Uma coisa descobrimos - tem muitos desejos que cultivamos ao longo da vida e pelos quais desprendemos tanta energia que, no final das contas, não valem a pena. Simplesmente porque são objetivos e metas que traçamos por vários motivos - como influência dos outros, necessidade de auto-afirmação, ânsia de agradar a família etc - que nem sempre têm a ver com o que realmente queremos. Felizmente, o tempo é mesmo sábio. Que bom que sempre é tempo de recomeçar, reavaliar, mudar de caminho... O aprendizado é assim. E que bom as verdadeiras amizades sobrevivem ao tempo e às intempéries.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Tem que ter CNPJ para protestar?

A cobertura da imprensa do Estado na ocupação - ou invasão (a palavra aqui depende do ponto-de-vista ideológico de quem analisa) do prédio da Corlac em Porto Alegre nesta quarta-feira, levanta algumas reflexões importantes. No Jornal do Almoço foi dada cobertura ao vivo, com direito a imagens aéreas. O tom de voz da Cristina Ranzolin já direcionava a leitura. O discurso deixa clara a opinião do veículo. É como se dissesse: "vejam que absurdo, esta gente invade um prédio público, o que é ilegal, leva crianças junto, e ainda atrapalha o trânsito". Como profissional da imprensa, cidadã e alguém que gosta de se debruçar sobre questões sociais, ainda mais sobre a mídia, imediatamente tento ver "o outro lado" do que é contado. Não sou filiada a partido, não milito em qualquer agremiação, mas tenho opinião, sim. Mas tento exercitar ao máximo uma visão relativista da vida, pra não perder a chance de aprender com quem pensa diferente de mim.
O que me ocorreu ao ver as imagens do episódio da tevê foram muitas perguntas. Por que o Ministério Público, a Justiça, o Executivo Estadual se apressam em responsabilizar os adultos que colocam em situações inadequadas crianças e adolescentes quando há uma manifestação como essa? Estas crianças estão em más condições de saúde, dignidade, educação, segurança etc. o ano inteiro, e não só quando seus pais os levam pra um protesto. Por que a imprensa não questiona a falta de solução por parte do Estado para os problemas que aqueles manifestantes estão denunciando? Afinal, focar a discussão na ilegalidade do protesto, por incluir invasão de prédio público, é simplificar o debate, ajudar a acomodar as coisas e deixá-las como estão.
O prédio em questão está abandonado e ocioso há anos, o projeto das Frentes de Trabalho que os manifestantes reinvindicam está parado, e o movimento não usou de violência. A presença das crianças ainda reforça que o protesto tinha tudo para ser pacífico. Mas a Brigada, seguindo orientação do Governo ao certo, os tratou como criminosos levando mães e crianças para a Delegacia da Criança e do Adolescente. A imprensa, que deveria mostrar todos os lados, fomentar o debate, e dar voz a estes desempregados, fez o tema de casa ditado pelas fontes oficiais e mostrou o protesto como baderna urbana.
Enquanto isso, ninguém discute o que realmente tem de ser discutido. Ao provocar alguns amigos e colegas de trabalho sobre o fato, ouvi reproduções desse discurso dominante. Argumentos como "invasão não tem perdão", "esses movimentos não têm personalidade jurídica", etc, naõ me convencem. Se toda mobilização social precisar de CNPJ pra ter legitimidade, o mundo seria pior do que já é. As pessoas têm mais do que o direito, têm o dever cidadão de se opor ao que está errado, a reinvindicar - pacificamente, defendo - aquilo que desejam para que a comunidade viva em melhores condições.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Uma nova sala de espera

Ultimamente tenho procurado otimizar meu tempo no dia a dia pra que consiga fazer render as 24 horas ao máximo. São tantas coisas pra fazer, que desperdiçar alguns minutos sem nada produtivo - embora reconheça que o ócio seja muitas vezes valioso - parece uma verdadeira heresia. Tenho ido a um consultório médico levar minha filha, onde preciso ficar uma hora na sala de espera aguardando. Tem coisa mais chata que sala de espera? Mas esta é uma sala de espera especial, tão agradável que tem sido terapêutica pra mim. O tempo passa tão rápido que quando acaba o tempo eu fico com aquela vontade de quero-mais. Ali, ao final do dia, uma musiquinha agradável relaxa a tensão oriunda da correria do trabalho e outras atividades, com a ajuda do conforto das poltronas e de uma seleta pilha de revistas dispostas na mesinha de canto. Neste ambiente, me permito descansar, esquecer os probleminhas do dia e da vida, faço de conta que o relógio não existe e até queria que ele parasse pra alongar aquela horinha gostosa. Neste ambiente leio revistas de meses atrás que não tive tempo de devorar, onde o ambiente proporciona que me detenha em matérias que no cotidiano profissional não entram na minha "tesoura" seletiva de critérios duvidosos... Neste contexto é que redescobri o cd maravilhoso da Norah Jones - que copiei e usei como trilha sonora de momentos inesquecíveis, fiquei sabendo de uma cantora brasileira que vive nos Estados Unidos, onde faz o maior sucesso (a Cibele Cavalli, que recomendo), li que na China estão criando uma cidade totalmente pensada dentro da idéia das ecovilas (locais ecologicamente saudáveis, com fontes alternativas de energia, lixo reciclável, tudo sustentável e numa relação simbiótica entre moradores e meio-ambiente). Já tomo a precaução de levar um bloquinho de anotações e caneta pra anotar as novidades que me interessam. E, assim, volto pra casa mais leve, cheia de novos conhecimentos, e com a sensação de que aproveitei uma hora do dia que teria tudo pra ser "perdida". Depois dessa experiência, as salas de espera nunca mais serão as mesmas, tenho certeza.