terça-feira, 23 de agosto de 2011

Eu gosto de polêmica


Eu adoro me envolver em polêmica! Não porque eu seja uma pessoa beligerante, mas gosto de manifestar minha opinião, confrontá-la com outras. Acho que a gente sempre aprende um pouco mais ao se colocar diante de argumentos antagônicos aos nossos. 

O gosto pelas discussões vem desde cedo, quando ficava horas à mesa da cozinha, acompanhando meu pai, que jantava depois de chegar do trabalho. Homem simples e de pouco estudo que era, mas de grande sabedoria e experiência de vida, fazia um relato crítico de sua leitura diária dos jornais e do que ouvia no balcão de seu bar, sustento de nossa família. Eu o ouvia, trocava ideias com ele, apresentava minha forma de pensar. Apesar de eu ser tão jovem ainda, ele me escutava com atenção, dava seu contraponto, mostrava admiração pelo meu interesse nos assuntos de gente grande. Às vezes alterávamos a voz, sem brigar. Era uma forma de acalorar o debate de forma saudável, mas apaixonada. Minha mãe nos repreendia. 


Quando saí de casa para fazer faculdade, meu pai e eu continuávamos com esse hábito, travando nossos debates em minhas idas, aos finais de semana. Provavelmente esse gosto dele pelos assuntos da vida, indo da política à História, passando pelas crendices populares que ele trazia de sua infância no campo, tenham ajudado a definir minha escolha pelo curso de Jornalismo. Depois que meu pai se foi, continuei "polemizando" aqui e ali. Gosto de me indignar apaixonadamente diante das coisas da vida!

Meu irmão, que era pequeno na época dos debates noturnos que eu tinha com meu pai, também herdou a mania de discutir ideias. Quando nos encontramos, travamos nossos debates, que às vezes chegam a ocasionar um pequeno bate boca, mas sem que isso nos afaste ou minimize nosso afeto. A mãe, agora com o coro da minha filha, continua reprovando!


Exercito minha veia polêmica sempre que posso... Quando trabalhava como repórter/apresentadora na Rádio São Gabriel, aproveitava para polemizar. Acredito na polêmica como metodologia libertária. Ajuda a sacudir preconceitos, a mudar paradigmas, ou pelo menos desacomoda os espíritos conservadores. Mas em São Gabriel não precisei fazer muito esforço para colocar em prática minha veia polêmica. Bastava entrevistar membros do MST. Imagina o que é isso em uma cidade dominada por fazendeiros... Sei que incomodei quando dei ampla cobertura a uma CPI que investigava o então Prefeito por suspeitas de irregularidades em uma licitação. E que satisfação receber, certa vez, o telefonema desaforado da Defensora Pública com seu tom ameaçador porque ela não gostou de alguma informação que dei no ar!


Agora, com as possibilidades trazidas pelas mídias digitais, volta e meia coloco em prática meu gosto pela polêmica. O Facebook está se mostrando um terreno muito fértil. As pessoas postam muito embaladas pela emoção, por impressões momentâneas, e acabam desabafando o que estão sentindo, externando o que estão pensando sobre determinados assuntos. Quando alguma postagem mexe comigo, não hesito em comentar, e adoro quando vejo outras pessoas fazendo o mesmo, seja para discordar ou para endossar o que foi dito.

Essas manifestações a cada dia me surpreendem mais, pois permitem conhecer melhor o modo como pensam pessoas próximas e distantes. O mais legal é que vou encontrando afinidade com gente com quem nunca convivi e divergências com pessoas mais chegadas com quem eu achava que tinha algo em comum. 

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Você gosta de carinho ou baratinho?

Andei postando no twitter e no facebook minha opinião sobre um textinho que andou rolando nas redes sociais em que se faz uma brincadeira (ao meu ver de mau gosto) sobre a preferência de certas mulheres a coisas caras e sua correspondente aversão às baratas (bichos e coisas). Critico essa bobagem porque não a considero assim tão inofensiva. Ela reproduz uma visão machista das mulheres, com aval de muitas de nós, dando a entender que, acima do "carinho" (afeto) estamos interessadas em presentes e objetos caros. Não sou hipócrita e admito que adoro comprar e gosto de ganhar presentes, mas não me importa o preço desses objetos, e sim o que eles podem trazer de bom pra mim, a intenção por trás de um presente, o gosto de comprar uma coisinha nova etc. Mas essas coisas não são prioridade! O carinho que importa é outro e não tem preço!
Vi uma afirmação do escritor da próxima novela das 21h da Globo criticando a futilidade feminina, dizendo que estamos muito preocupadas com a aparência e pouco ou nada com o caráter e outros valores morais. Acredito que isso valha para os homens também, para a sociedade, mas não podemos generalizar. Futilidades sempre estiveram em pauta e talvez hoje existam mais recursos que acabam por exacerbá-la. O fato é que precisamos de um pouco de alegria, graça e beleza para que a vida, tão cheia de mazelas, torne-se mais leve.
Minha relação com a moda e o consumo sempre foi muito ambígua. Ora tenho ímpetos consumistas e vontade de me largar nas tendências, ora sinto vontade de me rebelar contra o sistema e virar hippie. Como não tenho dinheiro para sair por aí comprando tudo que enxergo e nem uma alma riponga que me faça feliz sem vaidade, acabo ficando no meio termo. Quando eu era adolescente, época em que despertamos com mais afinco para os cuidados com a aparência, minhas referências em moda eram minhas amigas, as meninas do colégio (opções um tanto fracas, levando em conta que na minha cidade era todo mundo meio igual) e a Capricho - a revistinha aquela mesmo!
Hoje, a variedade de fontes de informação é incrível! Tem blog para dar e vender. Eu sigo alguns, acompanho, e fico com aquela diabinha consumista me incitando a gastar. Mas, meu lado crítico ao sistema (e meu bolso pobre) me faz cair na real, e acabo me indignando com o quanto essas blogueiras são instrumentos a serviço do mercado, nos deixando loucas para comprar com aquelas dicas incríveis de produtos e mais produtos que amamos! Óbvio que elas apenas refletem o momento cultural que vivemos e o sucesso que fazem comprova isso. O problema é que tem gente que nunca vai sair da casa dos pais do jeito que compra! Trabalha apenas para sustentar seus pequenos luxos, e nada de pensar no futuro. Mas aí, é problema de cada um...
Confesso que também fiquei mais consumista depois que comecei a ler esses blogs, por outro lado aprendi a procurar similares aos produtos maravilhosos desses sites com preços adequados ao meu orçamento e a tentar ser mais criativa na hora de me vestir. Até brinquei no twitter e com umas amigas que estou pensando em fazer um blog de moda para quem ganha pouco. Se a ideia "sair do papel", meus primeiros posts serão compartilhando algumas pecinhas que adquiri nos últimos anos por precinhos bem pequenos. Tenho uma bermuda preta curtinha, evasê, que comprei a meros 19 reais em maio deste ano. Não tem qualquer diferença de qualidade em relação as que vi nas lojas com valores acima de 100. Aliás, comprei uma em 2008 que nem era tão bonita e que custou uns 80 e poucos. Também estou adorando comprar anel baratinho. Com 6 pilas a gente encontra maravilhas aqui em Santa Maria. E olha que detesto coisa brega! Acho que vou me inspirar e brincar de blogueira de moda,  postando aqui as imagens dos meus baratinhos! Vamos ver...

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Tristezas do cotidiano

Manifestantes de mãos dadas por mais segurança. Foto de Fabiano Dallmeyer

Notícias muito tristes nos últimos dias em Santa Maria. A cidade cultura, universitária, agora ganha as manchetes por conta da violência. Crimes ocorrem todos os dias, mas quando o palco é o Calçadão, ponto de encontro dos jovens, local de tomar chimarrão e celebrar a vida, inevitável a comoção popular. Depois da agressão a um rapaz por um grupo de jovens, a morte de um universitário a facadas em um assalto. 
Hoje uma caminhada reuniu 300 pessoas pedindo paz e mais segurança por parte do poder público. A ironia é que foi prometido mais policiamento depois da briga de dias atrás, o que pelo jeito não se cumpriu, e na caminhada de hoje era grande a presença de PMs. Outro fator de indignação é a informação de que o atendimento ao jovem ferido na última madrugada teria demorado 25 minutos, resultando em sua morte a caminho do hospital. 
O crime lembra um outro ocorrido há poucas semanas, quando um militar reformado foi morto a tiros após reagir a um assalto. Infelizmente o que nos resta é pedir mais segurança, policiamento, mas sabemos que isso não combate as causas, que são muito mais complexas e profundas. Relatos de assaltos a taxistas são comuns, e sabemos que a maioria dos assaltantes buscam dinheiro para trocar por drogas pesadas. Por trás disso, o abandono, a desigualdade de oportunidades, a falta de educação e amor na infância? 
Difícil ser feliz hoje em dia, viu? Todo dia relato de abuso de menores, estupro dentro de casa, pai que mata a própria filha por dinheiro, uma banalização total da vida. Dá uma sensação de descrença na humanidade que dá medo de viver. É a tragédia fazendo parte do cotidiano.