A verdadeira Waris |
Waris Dirie é uma mulher corajosa, dona de uma daquelas histórias que parecem ter sido escritas para virar livro ou filme. E a história de Waris virou livro e virou filme, feitos dos quais ela própria fez parte, como autora de sua autobiografia e atuando na produção do filme que conta sua saga.
Talvez você não esteja associando o nome à pessoa, ou à história, mas certamente já ouviu falar da vida dessa mulher. Waris é aquela modelo somali que foi descoberta ao acaso na Europa e acabou chamando atenção do mundo ao denunciar o sofrimento vivido durante séculos por mulheres africanas sujeitas a um controverso costume local que consiste na mutilação da genitália feminina.
Por conta de uma crença sexista que subjuga a mulher e lhe confere uma condição inferior, como ocorre em tantas culturas até os dias de hoje, essas meninas ainda muito jovens têm seus clitóris e lábios vaginais retirados como forma de garantir sua "pureza"; o que sobra é costurado, deixando-se um orifício muito pequeno que só é depois ampliado à navalha pelo "marido" na "noite de núpcias'. Revoltante, por mais relativistas que tentemos ser diante de tamanha brutalidade.
Liya Kebede interpreta Waris |
Fiquei muito tocada, emocionada mesmo. O filme é bem feito, é delicado e cru ao mesmo tempo. A atuação do elenco e o roteiro conferem ao filme ares de documentário, em alguns momentos. É como se fôssemos testemunhas daquela história de coragem, força, pureza, humanidade e um tanto de sorte.
O que me tocou tanto nessa história é que a mutilação daquelas meninas é o sinal mais evidente do que o machismo é capaz de fazer com a mulher, tornando-se naturalizado, por mais sofrimento que cause a suas vítimas.
A atriz e a Waris "de verdade" |
Uma das cenas da infância de Waris, pouco antes da fuga |